BUNDA BRANCA

Uma página em branco, uma mente em branco, nada se cria, só o branco existe. Enquanto o branco da tela ilumina minha face, meus olhos se dirigem para o teclado cheio de letras possível pra se formar uma frase. Mas nenhuma se forma. Apenas um emaranhado de pensamentos em branco. O telefone tocou, desconcentrou, trouxe possibilidades, mudanças de planos, mas o plano inicial ainda é o branco. Por que o branco persegue este plano? Quando tento olhar novamente pra página, ela não está apenas em branco, existem palavras pretas formadas a partir do aglutinamento das letras ordenadas de forma confusas em meu teclado. Porém, entendidas e processadas como normal. Mas elas formaram um texto que, por mais que visualmente não o seja, ainda continua sendo branco, sem nada a dizer, sem nada a acrescentar. Onde estão os ouvintes? A quem dirijo minha palavra? Quem neste mundo de origem e destino quereria receber informações em branco? Branco, nulo e sem resposta, tudo a mesma bosta. Tudo sem inspiração, nem uma musa pra aliviar a tensão, nem uma bunda desviar minha atenção. Uma bunda cheia de tinta branca, só se for assim pra entrar no contexto deste não texto, desta não forma, deste não documento, deste não pensamento. Pensamentos em branco, bundas em prantos, esperando um sentido pra mostrarem suas curvas, lisas.

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