Um vazio se mostra presente dentro de mim.
Um vazio inexplicável, um vazio indecifrável, um vazio invisível. Um vazio.
Ele sobe por mim trazendo um sentimento de que não há nada:
sentimentos, crenças ou angustias.
Nada!
Somente um vazio.
Ecoa por meus ouvidos sem dizer, mas também não está em silêncio.
Não possuí freqüências sonoras, é apenas um vazio.
Mostra-se sem aparecer. Sua imagem é transparente, imperceptível.
Não tem cor, contraste, brilho ou nitidez.
Continua sendo um vazio.
Não tem significado. Não tem causa. Não possuí efeito.
Permanece como vazio.
Mas há algo dentro de mim.
Mexe-se mostrando presente, balançando em meu intestino, subindo pelo estomago, até obstruir meu esôfago. Não sinto fome, nem sede. Ele preenche minhas vias, minhas veias, meus neurônios. Qual o sentido disso tudo? Pra onde vamos? Porque ficamos? Onde estamos? Qual é meu propósito? Pra que existimos? Você está ai? Dê-me um sinal de sua existência! Aonde, quando e por quê? Como, qual e o quê? O que estamos fazendo? No quê estamos mexendo? E milhares de outras perguntas ao vazio.
Mas ele não responde e nem fica em silêncio. Ele continua ali, vazio.
Então começo a pensar em mim, na minha existência.
Minhas escolhas, atitudes e conseqüências.
Percebo um milhão de contradições, e algumas soluções,
mas ainda sinto o vazio.
Perplexamente, antagonicamente, subjetivamente, realmente, invariavelmente, conseqüentemente, substancialmente ele sobe para meus olhos.
Solto uma lágrima ao vazio.